quinta-feira, 5 de novembro de 2009

YES... OUI... QUEM ?


Monsieur
Obama, bien sur.

Há um ano ascendia ao poder Barack Hussein Obama - um nome mais provável se relacionado ao Oriente Médio, ao Islã, às 1001 noites...

Mas não foi um conto de Malba Tahan que introduziu Sahib e sim um dos eleitorados mais (im)previsíveis do mundo - the people of United States of America.

Maktub.

Estava escrito desde Martin Luther King e Monteiro Lobato, que um presidente negro comandaria a nação oriunda das 13 colônias - e isto a partir de uma campanha fulminante iniciada em um discurso na convenção do Partido Democrata de, só, 4 anos antes. Isto e mais um muito de internet surfing.

Estava escrito também, desde Greenspan, o todo-poderoso do FED até 2008, que a exuberância irracional explodiria just after Bush Jr. E na cara de quem? Quem suportaria o estouro dessa bolha? O war hero McCain? A bombshell do Alaska, Sarah Palin?

I want you.

Nas palavras dos think tanks republicanos: o garçon Obama.

Ninguém, nunca antes, poderia ter sequer imaginado que os EUA financiariam, com recursos públicos, tanto a banca, rota, quanto as suas insustentáveis montadoras, General Motors - a inventora do marketing automobilístico - à frente.

E Obama deixou passar a oportunidade de ouro para uma virada histórica que levaria, de novo, o país de Abraham Lincoln, aos píncaros da glória - simplesmente deixar falir a inviável indústria automotiva estadunidense.

Uma conjunção de mudança (change foi o mote da campanha democrata) de paradigmas industriais e trabalhistas (as aposentadorias, bônus e luxos das montadoras é que afundaram-nas em dívidas) que seria como um new deal verde - do carro elétrico ao transporte de massa para todos. Quem quisesse um carro zero - esse objeto de desejo antigo, perdulário e pior lixo do planeta - teria que importá-lo da Alemanha, do Japão, da França. Algo até muito alinhado com o slogan atual do governo Obama - buy american. E o mercado de carros usados - muito maior que o de "zeros"- adentraria em três anos de franca prosperidade.

Créative Technologie.

E os cidadãos eventualmente desempregados receberiam subsídios em muito menor monta do que os utilizados para reeguer os monstros ineficientes de Detroit etc. E passariam a comandar uma revolução. Verde. De etanol. De usinas eólicas. De biodigestão a partir do lixo - não há mais lixo per capita que nos EUA. E, finalmente, teriam, com o restante dos recursos públicos utilizados para bancar os deficits gêmeos e manter os bônus de executivos gananciosos, o tão sonhado atendimento universal de saúde, no qual Obama atola-se agora, reeditando antecessores que também o tentaram.

Infelizmente não foi o radical script de mudança a escolha de Obama - cujo governo começa a dar sinais de fraqueza. Os EUA chegam à pior taxa de desemprego desde 1983 (10,2%, sem contar os 2% da população encarcerada, não contabilizados entre os sem ocupação) e o Partido Republicano fez, em 03/11, dois governadores em estados importantes - New Jersey e Virginia. A proposta para a saúde, que passou por um triz pela Câmara dos Representantes e já foi encolhida da original universalização dos serviços para uma cobertura de 90% da população, deve ser tesourada ainda mais no Senado.

Triste Trópico de Câncer.

Não é só abaixo do Equador que acontecem iniquidades. Ao trópico meridional digno das lágrimas de Lévi-Strauss, morto no último sábado, 31 de outubro, aos cem anos, une-se o paralelo setentrional do planeta. A Europa oscila - sua moeda não consegue substituir o lentamente moribundo dólar como moeda de referência e Tio Sam já não responde por metade de tudo do mundo - talvez só da dívida.

A capricorniana São Paulo ganha a companhia do Rio de Janeiro - muito bem na foto, olímpica, e juntas vão levando o Brasil ao pódio das nações que fazem diferença. Ditando moda e modos, apesar da violência até anti-aérea. Rafales que se cuidem.

Obama deixou passar batido o golden pot. Quem sabe a dupla caipira "Dilma-cá e Lula-lá" não surpreende em Copenhague e assume a liderança da parada verde-bandeira pós-Kioto? Por enquanto...

- Non, uai, can't!
Quem viver verá.