quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Jornalismo marron é isto: “Mexeu com o Rio, mexeu com o Extra”.

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“Mexeu com o Rio, mexeu com o Extra”: a manchete – absurda – do jornal editado pela Infoglobo, mesma empresa que edita O Globo.

E continua: “O petróleo é nosso. A briga também”. E a foto de um pugilista com luvas negras escorrendo de petróleo emoldura os gritos de guerra.

É isto jornalismo?

Incitar leitores assim? Desservir a informação? Persuadir e manipular?

Embarcar no e promover o discurso único de “estamos juntos” dos atuais ocupantes dos palácios do governo e da prefeitura?

Contra o resto dos brasileiros? Querendo fazer engolir a tese de que o patrimônio mineral – propriedade da União segundo a Constituição – é mais de uns do que de outros?

Quanto não foi gasto com a propaganda deste pensamento único?

Quanta mídia não foi comprada com recursos públicos para defender a canhestra tese de “roubo” pelos deputados de “outros estados”, como descreve a matéria?

E o palanque na Cinelância? Carésimo!

Quem financiou a “palhaçata” de hoje, a presepada(*) pseudo-cívica dos criadores das UPAs, UPBs, UPCs, UPPs, UPZs?

Nós, cidadãos fluminenses.

Nós que temos uma educação péssima, uma saúde inexistente, um esgotamento sanitário sempre incompetente e incompleto. Nós que temos um metrô que piorou, trens que se degradaram, bondes que matam, barcas que quase afundam, máfias de vans, de ônibus, de “donos” de cooperativas de táxis e de ONGs ladras. Apesar dos royalties.

Nós que vemos o entorno da REDUC apodrecer, apesar de royalties abundantes há mais de trinta anos, e “termos de ajustamento de conduta” da Petrobras para uma recuperação ambiental que nunca chega.

Nós que vemos cidades como Macaé e Campos muito parecidas com o que já eram antes do "ouro negro" jorrar em bilhões de royalties.

Agora o discurso quer nos convencer que a fonte secará e que municípios não terão “arrecadação”. Ora, e antes do petróleo? Como funcionavam as cidades do interior do estado do Rio? Será que esses governantes não estão querendo simplesmente manter seus privilégios? Sua gastança em proveito próprio?

Eu tenho certeza que sim.

(*) No Rio há um termo bastante usado pelas pessoas, o qual retrata bem a 'palhaçata' de hoje: "presepada". Uma palavra ótima. Se, ao invés de querer fermentar o ódio de cariocas e fluminenses aos demais brasileiros, essas nossas 'autoridades' pugnassem pela reparação do erro - esse sim condenável - dos constitucionalistas de 1988, que excetuaram o petróleo e a energia elétrica do recolhimento do ICMS na origem (os valores perdidos pelo estado do Rio de Janeiro são rigorosamente da mesma ordem de grandeza do valor dos royalties "perdidos"), estariam em paz com todos os brasileiros - que se juntariam a nós na luta - e com a lei que estabelece que o subsolo e as riquezas minerais são patrimônio da União e de todos os brasileiros - este, ao contrário, um belo preceito constitucional. (Extraído do Facebook - post que enviei nesta data).

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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Invado ou abandono a USP ? *

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Nossas escolas - do jardim de infância à universidade - esmeraram-se em formar ótimos consumidores. De tudo. Da lancheira da Mônica à mochila dos Backyardigans. Do tênis Nike ao Blackberry. Do skate ao carro importado.

E aí estão os nossos pátios (de escolas) particulares e os nossos estacionamentos (de cursos de nível superior) públicos que não me deixam mentir.

"Eu tenho, você não tem".

É o bordão de ouro de nossos publicitários multi-premiados em Cannes. Mas não conheço uma tese de doutorado sequer em Propaganda que questione a (coisa nossa!) mídia mais cara do mundo, em dólar.

Ou o custo de nossas ligações de celulares, ou de nossa banda larga (larga?), ou de nossa TV por assinatura - também com os preços mais altos do mundo, em dólar.

Talvez isto se coadune com a maior taxa de juros do planeta (a nossa, só nossa!), mas nunca com o 84o. lugar em IDH ou com os 50% dos lares que não tem coleta de esgoto (um total de 85% não tem tratamento de esgoto).

Nossa política cultural (existe isto?) incentiva com benefícios fiscais as bandas do Rock in Rio, a graça do Cirque du Soleil e a balada do Coca-Cola Vibezone. Enquanto isso a Serra da Capivara (PI) e o Museu Nacional (RJ) desmoronam e apodrecem.

A fundação Sarney está sendo estatizada com os nossos recursos e o instituto FHC faz desfilar "The Elders" pelo circuito Elizabeth Arden - com o dinheiro arrecadado em jantares na última semana do segundo mandato.

Tristes trópicos.

* FHC, de volta do exílio, foi convidado a retornar às salas de aula, na USP. Polidamente (não podia ser de outro modo), recusou, preferindo o contra-cheque do ócio. - Que que é isso, mano?
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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

CONSULTA PÚBLICA quer saber se os errepês aceitam flexibilizar a concessão de registro profissional.

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Na última reunião do CONRERP/RJ, anteontem, 31/10, a primeira plenária havida aqui após a abertura de consultas públicas pelo Sistema CONFERP, os presentes debateram exatamente os mesmos tópicos, com a mesma veemência e com a mesma divisão de opiniões vistas em discussões abertas no Facebook e outras redes sociais. Isto coloca-nos a nós, fluminenses, muito integrados à discussão proposta no Brasil inteiro - o que considero ótimo.

De duas consultas públicas no Rio (a primeira em 08/11, na capital do estado e a segunda possivelmente em 21/11, em Campos), talvez evoluamos a três - ou mais - considerando a premente necessidade de discussão e a oportunidade única diante da história. Vejam que os debates se atêm aos mesmos pontos que motivaram o Parlamento Nacional de RP de 1997. São quinze anos!

A hora é agora.

E fiquem os errepês certos de que o Sistema encaminhará aquilo que for decidido pela grande consulta pública ora em curso. Se a vontade do Rio de Janeiro, representado pela voz dos participantes do processo, for contra a flexibilização - como o foi, aliás, em 1997 - o CONRERP/RJ encaminhará ao Sistema contra a proposta, na sua íntegra.

Se for pela restrição a concessão do registro somente a bacharéis em Comunicação com cursos de pós que o Sistema credencie, assim encaminhará. Se for contra à concessão do registro aos tecnólogos - como aliás já se pronunciou formalmente quando ainda se tratava de abrir consulta pública, assim encaminhará.

Somos profissionais que, por formação, fundamentam-se na boa fé e na democracia. Nossas visões quando conselheiros (o sou pela primeira vez na vida) são mesmo, de fato, idealistas, talvez utópicas, mas ninguém menos que o próprio Roberto Porto Simões alerta-nos para isso em seu livro "Informação, inteligência e utopia: contribuições à teoria de Relações Públicas".

Nossa profissão de fé e nosso juramento no bacharelado nos fazem crentes na humanidade, na democracia, na cidadania (de indivíduos e de organizações) e precisamos manter esta chama idealista acesa, sob pena de não cumprirmos a luta incessante contra os desmandos que provêm de organizações (no primeiro, no segundo e no terceiro setores) sob comunicação institucional enganosa, mentirosa, parcial, incompleta, preconceituosa, indutora a erro - que é aquilo que devemos combater com as armas de uma legislação reguladora e de um código de ética, exigindo que tais comunicações fiquem sob a responsabilidade de alguém que foi devidamente formado para isto - os relações-públicas.

Neste ponto o bacharelado e a regulamentação da profissão se encontram.

E este é um ideal de exercício profissional. Qualquer discussão feita fora desta perspectiva faz-nos perder energia debatendo situações pontuais com as quais convivemos quotidianamente em nossas localidades e que não têm as condições de, elas, por si só, motivar qualquer mudança de fundo legal a nível federal.

Se achamos, os profissionais de Relações Públicas devidamente formados na área, que este mandato da sociedade (somos uma em apenas 61 profissões regulamentadas num universo de 2.511 ocupações reconhecidas pela Classificação Brasileira de Ocupações, CBO, do Ministério do Trabalho e Emprego) espelha-se na legislação em vigor, mantenhâmo-la intacta e pugnemos por mais fortalecimento da máquina fiscalizatória, com adoção de outros modos de fazer - um voluntariado, por exemplo - ou outras possíveis sugestões que nós, errepês, saberemos dar em todo o país se esta for a conclusão.
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