sábado, 29 de outubro de 2016

Sobre o mercado para relações-públicas. Vale a pena relembrar o debate.


"ABERTURA" ou "FLEXIBILIZAÇÃO" da concessão do registro profissional de relações-públicas a não formados em RP, ou ainda, "ATUALIZAÇÃO" da Lei 5.377/1967 - são parte do passado, com as novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o bacharelado em RP, independente e autônomo - em vigor há um ano.

NOSSA LEI é ótima, concisa e objetiva. TEMOS, sim, que conquistar - com COMPETÊNCIA - o lugar da nossa formação-profissão no mercado.

MAS... vale a pena REVER O DEBATE.

SEGUE O MEU TEXTÃO À ÉPOCA DA POSTAGEM ORIGINAL [com atualizações]...

SOBRE INSTITUIÇÕES. Para aqueles que já ultrapassaram a dificuldade - real - de compreender o que é a tal da comunicação institucional, principal valor, disciplina e sustentáculo da profissão de relações-públicas no Brasil:

INSTITUIÇÕES - repito isto há muitos anos, em aulas, palestras, bancas examinadoras, livros e vídeos - não são paredes de tijolo e massa (como as da Catedral da Sé, as da UFRJ e as da USP), ou de concreto, aço e vidro (como as da Catedral de São Sebastião ou as da UERJ). Instituições não são plantas industriais (como as da CSN e Nestlé), frotas de aviões ou caminhões (como as da Gol e da Itapemirim), ou redes de lojas (como a Casas Bahia ou Ponto Frio). Instituições não são nem sistemas-ambiente como Google e Facebook.

MARCAS, como as mencionadas acima, DESIGNAM organizações - que podem vir a tornar-se instituições (cito como fonte, aqui, a grande obra "Feitas para durar", de Collins & Porras, 1994). Designam, sim, organizações, mas também NÃO O SÃO, igualmente, os seus prédios, suas fábricas e seus equipamentos.

ORGANIZAÇÕES (e instituições), são, sim, PESSOAS reunidas sob um objetivo comum. Esta é a primeira lição dos cursos de Administração. E por isso a "gestão de pessoas" tornou-se, hoje, uma disciplina-chave da área. Trata-se de atrair e reter talentos, pois tais PESSOAS são também o centro de outro termo muito repisado na atualidade - a INOVAÇÃO. A permanência das pessoas e, também, de visão e valores (a missão costuma mudar mais frequentemente) depende unicamente de GENTE.

SE A EMPRESA Chocolates Kopenhagen existe desde 1928, é porque pessoas assim o quiseram. De seus fundadores aos atuais proprietários da marca, passando por gestores, "gourmets" e funcionários - todos foram - e são - responsáveis por reconhecimento, relacionamento, relevância e reputação dos produtos e serviços da empresa em seus quase 90 anos. E é de se supor que a solidez buscada e mantida por todos que compõem a organização possa levar a Kopenhagen a mais 90 anos de trajetória. Isto faz a diferença. A ponto de podermos afirmar que a Chocolates Kopenhagen era [era, sim, porque teve o controle, recentemente, assumido por capital estrangeiro] das poucas organizações genuinamente brasileiras que - não sendo do Estado - alcançaram o patamar de uma "instituição".

MAS ESTA É OUTRA HISTÓRIA... que Jim Collins manteve-se contando em seus - também ótimos - "Feitas para Vencer, 1998" e "Vencedoras por opção, 2012". A questão, aqui e agora, relaciona-se com a nossa profissão e área de formação, as Relações Públicas.

RECONHECIDAS em todo o mundo por constituírem práticas "de ponta" em TODAS as esferas (pública, privada e do terceiro setor), no Brasil, "por opção" (citando Collins), as RP foram objeto de uma aglutinação de idealistas (ABRP, 1954) tão vencedora que guindou a instituição, aos seus - apenas - 12 anos de vida, a constituir-se base para a criação do Sistema Conferp-Conrerp, dando-nos a condição de profissão regulamentada - algo que muitos querem mas que, sem "corpus" institucionais (pessoas aglutinadas, interessadas, apaixonadas, dedicadas, obstinadas) claudicam no Congresso Nacional há anos. Algumas, há décadas ("lobbying", por exemplo, vaga penando desde 1978).

FUI APRESENTADO, na 1a. Região (estado do Rio de Janeiro), à estratégia estabelecida pelo Conferp [de então] para tratar da famigerada "flexibilização da concessão do registro profissional de relações-públicas a não bacharéis em RP". Respeito - porque elegi, regional e nacionalmente - aqueles que estão com o "pulso" da área na ponta dos dedos, mas discordo diametralmente do encaminhamento proposto - o qual coloca em alto risco a manutenção da profissão regulamentada num momento em que o próprio MEC retira as amarras que inspiraram a Carta de Atibaia, tornando-a, ela sim, ultrapassada. [Era 2013 - e as novas DCNs haviam acabado de sair, com prazo previsto para implementação em 2 anos - ou seja, setembro de 2015].

LEI É PARA SER CUMPRIDA. E por GENTE que vê valor nisso. Lei não precisa ser "nova", como ouvi na tal reunião. Nesse caso, "antiguidade" é valor; a constituição dos Estados Unidos tem mais de 200 anos e funciona. A do Reino Unido, então, tem 4 vezes esse tempo - funcionando melhor ainda que a estadunidense. E não é pecha NOSSA ter sido criada na ditadura - como também ouvi. Na ditadura foi criada a maioria das profissões regulamentadas do país, inclusive as de jornalista, publicitário e administrador. Nossa origem é, sim, a ABRP - em 1954!

NÓS, ERREPÊS, precisamos nos posicionar URGENTEMENTE quanto a isto. A omissão - marca maior de nossa categoria (o que tem levado a chapas únicas nas eleições para Conselhos Regionais e Federal, sempre criadas com muita dificuldade, em todo o Brasil) é a fonte desse estado de coisas - e justamente no ano em que se completam 100 anos da atividade!

AS FORÇAS LEGÍTIMAS que vêm, não do topo, mas da base do edifício da nossa área - cada vez mais reconhecida como "de elite" no contexto organizacional - precisam posicionar-se e trabalhar para evitar um fim melancólico, por inanição, ou desuso - para citar Lamarck (como, aliás, citei numa das audiências públicas - cujo vídeo está acima). Seria mais digno "plebiscitar" os registrados, censitariamente, pela manutenção ou extinção da profissão regulamentada... sobretudo se é verdade para a maioria o que também ouvi, ontem - que os registrados o são SOMENTE por que é obrigatório. [Isto foi feito na gestão de Flávio Schmidt e o resultado foi um empate técnico MAS com uma adesão ao levantamento que permitiu considerar inconclusivo o tema. A gestão seguinte permaneceu na (em minha opinião) falsa questão e foi levada - pelo ambiente geral dos profissionais registrados - a abandonar o assunto - até porque, durante o período daquela gestão, a Comissão de Especialistas do MEC expediu - setembro de 2013 - as novas DCNs].

MINHA POSIÇÃO INDIVIDUAL - e "institucional", no O.C.I. (do "alto" de seus [hoje, quase 5 anos de vida] é pela manutenção de tudo como está e pela assunção dos Conselhos Regionais e Federais por PESSOAS realmente interessadas em trabalhar por aquilo que são e que se esforçaram para ser, relações-públicas, e não por interesses de terceiros. [Isto veio a ocorrer nas eleições de 2015 - e todo o Sistema Conferp-Conrerp sofreu uma renovação, com pessoas alinhadas à ideia de não "flexibilização" ou "abertura" do registro de RP a não formados em RP ou, ainda, à ideia de "atualização" da lei - algo que só é proposto por quem não conhece os meandros - as manhas e manias - do Poder Legislativo brasileiro].
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segunda-feira, 17 de outubro de 2016

DEPOIS DA DAMA DE COPA (do mundo), CAI O REI DE (cara de) PAU.

(1) Em 13 de setembro de 2015, dei como certa a queda de Dilma Rousseff (http://marcondes-at-blog.blogspot.com.br/2015/09/providencie-lencos-de-papel-para-o.html) a partir de uma notícia, na imprensa: a 'CEF' acionara a Justiça por 'saques da União a descoberto'.

Como se sabe, o jornalismo tem essa peculiaridade de transformar um dado comezinho em fato universal. Henfil ensinou-nos que algo aconteceu de verdade porque 'Deu no New York Times'.

Richard Nixon caiu porque absurdos da política (que acontecem cá como lá nos EUA, de forma oculta) foram parar nas páginas do jornal 'Washington Post'.

A personagem 'pública' de Julia Roberts no filme 'Nothing Hill' diz, a um atônito 'anônimo', vivido por Hugh Grant, que '... para pessoas públicas, essas fotos estarão lá para sempre...' comentando a imagem - publicada - deles, juntos.

(2) Pois bem, com a notícia da delação premiada de Sergio Machado, dei como certa - em 17 de junho de 2016 - a queda de Michel Temer. Quem pede recursos - na política - mesmo os 'contabilizados', sabe que tal dinheiro vem de 'gorduras' em contratos públicos.

Doadores PJ, simplesmente, não retiram parte de seus lucros para fazer política cidadã. Querem-nos de volta em contratos, aditivos, 'obras emergenciais sem licitação pública' etc.

O Brasil organiza - e é bastante caro - eleições a cada dois anos. Este ano, teremos eleições - hora mais que certa para incluir no pleito a escolha popular para a presidência da República.

(3) Como os processos no Brasil são lentos, minha escrita de setembro de 2015 - referente à queda de Dilma - concretizou-se somente em setembro de 2016, com a sua destituição por 'impeachment'.

(4) E o que publiquei em junho de 2016 - referente à queda de Temer - concretiza-se no noticiário de ontem, n'O Globo (P. 12), e diz respeito ao - evidente, desde sempre - abuso de poder econômico que reelegeu a chapa Dilma-Temer em 2014. Os gastos com gráficas (de fachada) não puderam ser comprovados pela Justiça Eleitoral à proporção astronômica de 80 em cada 100 reais e, ainda assim, 'com inúmeras inconsistências', conforme noticiado. E trata-se de uma rubrica que consumiu nada menos que 77 milhões de reais (atualizados ao valor de hoje).

O desrespeito ao dinheiro do contribuinte e ao 'fair game' eleitoral são flagrantes delitos e a chapa Dilma-Temer tem que ser, por isto, impugnada - com a consequente destituição do Sr. Michel Temer do cargo de presidente da República Federativa do Brasil.
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sábado, 15 de outubro de 2016

Paciência - que lá vem textão:

Provocado - ontem - por meus pares relações-públicas Firmo Neto, Luciana Hage, Cristian Alves e Damares Braga Nunes em um tópico no Facebook, quanto à utilidade / efetividade da profissão regulamentada sob Conselhos Regionais e Federal, digo-lhes - conclamando a todos os colegas bacharéis em RP:

1) Quem faz os Conselhos Profissionais, como acontece com toda e qualquer organização, são pessoas. Uma vez unidas essas pessoas em torno dos objetivos comuns de (I) divulgarmos as nossas causas de (a) relacionamento com públicos-chave e (b) comunicação pública responsável tecnicamente, (II) sermos considerados relevantes socialmente - como acontece em todo o mundo, e (III) exercermos funções absolutamente necessárias para toda e qualquer boa governança, ficaremos fortes - tanto os profissionais quanto os nossos Conselhos - Regionais e Federal;

2) Se no passado, e até aqui, o Sistema Conferp-Conrerp não funcionou bem, não nos atendeu em um reclamo, não fiscalizou como deveria o mercado, não defendeu a profissão como se esperava, é preciso debitar tais mazelas ao passado, acreditar nas gestões que renovaram absolutamente os quadros em todo o país este ano, e dar um voto de confiança na recuperação da entidade máxima da profissão e, consequentemente, com ela, a todos nós, profissionais de RP formados em RP;

3) Todas as profissões regulamentadas - são pouco mais de 60 em mais de 2.500 ofícios listados pelo Ministério do Trabalho e Emprego - funcionam assim: quem 'banca' a estrutura de defesa e fiscalização são os próprios profissionais. Diferentemente do que muitos pensam, não há qualquer aporte externo de verbas, público ou privado. Todo Sistema de Conselhos sobrevive de registros, anuidades e, eventualmente, de doações (que, no Brasil, infelizmente, não são uma tradição) e, por ser autarquia federal de regulação e fiscalização profissional, submete-se ao controle do TCU - o que é um atestado de gestão financeira idônea - sob pena de conselheiros inidôneos serem inscritos na Dívida Ativa da União;

4) Precisamos sim, elevar o nível de transparência, mostrando - publicamente, com nossos balancetes mensais e balanços anuais, acompanhados de relatórios de gestão (como fizemos no Conrerp1 entre 2010 e 2013) - a real situação financeira de cada Região - que nada mais é que o 'retrato' do conjunto dos profissionais sob cada jurisdição. Não existe, assim, valor 'caro' ou valor 'barato' (para registros, anuidades e multas) a priori. O que há, de fato, é a constatação de nossa presença - ou de nossa omissão.

5) Minha proposição única - como profissional, independente do fato de neste mandato estar assessorando o Conferp (voluntariamente, sem quaisquer ônus ou bônus) - para este mandato (2016-2017-2018) de todo o Sistema é insistir nessa tecla: "Profissão respeitada se faz com profissionais engajados. Antes, registre-se no Conrerp de sua Região. E participe. Depois, cobre".
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